quarta-feira, 20 de março de 2013

Francisco


Francisco
Augusto José Chiavegato


No dia da festa do carpinteiro seu José pai de Jesus, o poverello d´ Assisi foi entronizado papa com o nome de Francisco. Por ele dispensaria todas as formalidades e cerimônias reais à moda da rainha da Inglaterra tão ao gosto dos turistas, espetáculo de um tempo encantado que passou. A missão de Francisco será transformar esse passado de luxo e de poder, a partir dos sapatos, recuperando as sandálias do pescador. Já sabem que de cara gostei do argentino. Pelo andar no carro dos bois, leva jeito dos carroceiros tocando o carro, pitando cigarro de palha, matutando a tomar seu chimarrão, lerdo em paciências fosse como Deus a ter todo o tempo do mundo.

Muda-se na mesa de um argentino, cai Eisbein mit Sauerkraut u.s.w. joelhos de porco e chucrute etc. e entram bife de chorizo e assado de tira, mal passado, es decir, jugoso Informam- me minhas fontes que as duas freiras rubicundas, gordas e de olhos azuis foram dispensadas sem aviso prévio , em volta na Alemanha, tristes mas cantando:

Gott mit dir, du Land der Bayern Deutsche Erde, Vaterland!

(Deus contigo, tu terra dos bávaros
Terra alemã, minha pátria.)



De Buenos Aires chegaram no Vaticano Pablo y su hijo Pablito,ambos Gutierrez y Gutierrez. El referido señor será o oficial gran chef pontifício, famosíssimo churrasqueiro de ancho currículo de larga experiência nas melhores parilladaschurrascarias de Puerto Madero. E su mujer? Lamentablemente e tragicamente muerta sin explicacions es decir, precocemente deixando-os respectivamente viudo e huérfano. A se consolar tristeza de Pablo, solamente oração e el tango. Prosseguindo, desço mais profundamente nas modificações do papa. Francisco, por supuesto vai estabelecer uma revolução de simplicidade e de pobreza a desbancar perspectivas indecisas. Por gestos simples cairão ao fundo das pessoas. Ratzinger semeou ideias, hora de as fecundar. A verdadeira teologia é a ciência do Espírito de Deus que fecunda sementes dos pobres. O povo de Deus está cheio de sementes de vida a transformar a Igreja. O Espírito de Deus não está cochichando ao papa, muito menos pelos cardeais que sonham no Espírito a ouvir os arrulhos de uma pomba mesmo que branca. Meu amigo Francisco e meu pai, ouve a esperança na voz do povo de Deus. Vai em alegria a brincar nos jardins do Vaticano, fosse um cabritinho, melhor, um bezerro a brincar com a Graça.
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Ainda se turvam os céus de Roma


Por enquanto, só fumacinha preta...

Augusto José Chiavegato
Lá se vai o conclave furando ondas bravas, nossas esperanças um tanto fracas, as perspectivas incertas. Se o Espírito Santo não virar os ventos, a barca de Pedro vai a deriva. O papa tinha razão: meus caros, o mar não está pra peixe na Igreja. É, receio, mas estou tranquilo. Embarco-me na paciência multissecular de Deus, por isso espero enquanto vivo. Será que retrocedemos aos tempos da Igreja e de conclaves cheios de política e ambição? Não creio. Mas, Ratzinger ficou muito triste, eu também. Algumas razões são evidentes, outras disfarçadas em entrelinhas, a saber, os pedófilos e as maracutaias no Vaticano na expressão de conhecido vaticanista. Quanto aos pedófilos, espanta-me o número dos casos. Um ou outro, vá lá, acontece, resolve-se por trabalho de psiquiatra de meio-tigela. Agora, quando os casos grassam à beira de epidemia, não se resolve em modificando a lei do celibato. O problema está muito abaixo. Amor que nasce torto, nem mulher conserta. Vale a pena aprofundar este problema, em outra oportunidade. Por outro capítulo de crise concerne aos subterrâneos do Vaticano envolvendo eclesiásticos e leigos em ambição de poder e de dinheiro. O primeiro conjunto de problemas (sexo), afeta o corpo, aqui atingem a alma, a essência do cristão. Como todo padre, passei por baixo dezessete anos de formação centrada na castidade, no desprendimento de riquezas e na humildade. Seminarista tinha que ser casto, se não, estava fora. Um monte de meninos entrava no seminário, uma ínfima minoria chegava à ordenação. Por exemplo, no meu caso: de cinquenta e quatro meninos, só quatro se ordenaram. Sem dúvida, o impedimento principal era o celibato. Quando se passa por este obstáculo, o resto a gente tirava de chaleira. Voto de pobreza não tínhamos, somos donos do dinheiro, o suficiente para sermos pobres dignos. Ensinavam-nos a sermos humildes, a fugir de carreirismos. Pasmo fiquei ao saber eclesiásticos tropeçando em sexo, em ambição de dinheiro e de poder. Haja fé, haja amor, haja esperança a animar um velho papa. Certo que as tem, mas ante sua tristeza está na hora de acordar Jesus no fundo da barca. A galera clama pelo Espírito Santo sentado no banco. Insisto: Deus não joga, esse jogo é de homens. Antes do conclave, fecham-se os cardeais em oração cantando ao Espírito: Vem Espírito criador! e entraram piedosamente carregados de boa vontade, acredito, tudo entregando às mãos de Deus, corações leves a escutar passarinhos cantando nos jardins do Vaticano, crendo ouvir os gorjeios do Espírito Santo. Respeito a oração de todo o mundo que Deus ilumine os cardeais. Uno-me a todos que se prostram no chão, de joelhos, confiando nos cardeais. Creio que esta comunhão dos que rezam fortalece nossa esperança e ânimo. Mas, Deus não gosta muito de milagres e mais de mil vezes repito: Ele respeita nossa liberdade. O Espírito Santo nunca foi classificado nos conclaves. Mistérios de Deus das mãos que nos oferecem diante de nossa liberdade. Por aí vamos, por aí la nave va. Deus está aí, não se vê, erga os que caem, consola os tristes, dá um jeito em nossas burradas, nele creio, está ao nosso lado, esperando quando nos tornam “um” , consumados no Amor. 

A coragem de um Papa


A coragem de um papa
a.j.chiavegato

À esta altura, não temos mais papa. Saiu fugindo? De jeito nenhum! Em última crônica escrevi que admirava o teólogo, mas não o papa. Hoje se ameniza minha negativa, desfaz-se tornando-se em admiração. Em sua honestidade cai a ambiguidade entre Bento XVI e Ratzinger. Foi-lhe tarefa extremamente pesada. Quando escolhido como papa, topou, consta que não queria. Santos acreditam que Deus nos impõe fardos ao porte dos ombros, como dizia o teólogo Adoniram Barbosa: Deus nos dá o frio conforme o cobertor. Não é bem assim. Uma boa vontade tem que sempre se fundamentar em uma fé discernida. Coragem de ser e de aceitar, alicerça-se em humildade e na inadvertida confiança de Deus dos que lhe dizem: vai lá José, se necessário Deus segura as pontas. Bento XVI fez possível, seguramente o papa mais culto da história dos papas. Não basta ser culto para ser papa. Erro que o escolheram. Jesus definiu a primordial missão de Pedro: fortalece a fé de seus irmãos Lucas 22,32 , não necessariamente esclarecer as mentes, mas firmar seus corações. Missão de pai não é ensinar, quem educa são todos os homens na mediação do mundo. Dever de pai e acolher os filhos, a auscultar a voz dos tristes, fracos, doentes, desviados. Essa é a voz do Espírito de Deus que sopra e anima a família da Igreja. Por isso, louvo e amo a coragem de um papa que dá lugar a outro, mais forte que ele para topar a pegar o último lugar da Igreja, sem palavras e de figuras, na urgente tarefa de transformar radicalmente a face da Igreja.
Sem dúvida, hoje a Igreja singra em águas tumultuosas – na expressão dele, parece que faz água a barca de Pedro, no fundo Jesus dormindo sem sonhos e pesadelos, tranquilo. Dorme e vela, mistérios, enquanto homens trabalham e lutam que navegar é preciso, à coragem dos homens da Igreja. Ratzinger teve medo, sim. Inteligente e culto, desmoronou-se, pequeno diante dos problemas da Igreja que hoje estouram aqui e lá, mar de lama a passar nos subterrâneos do Vaticano. Entristece-se o coração de um pai, pobre, fraco. Fico triste especialmente diante de noticias sobre padres, bispos, cardeal a garantir a geral lei da fraqueza humana: padre é um homem, fraco! Claro, todo homem gosta de mulher, inscreve-se em sua vocação desde os tempos da criação. Quando falta mulher a que se renunciou, vale tudo? Vale refugiando-se em álibi na fraqueza humana? Não é do homem, muito menos do padre, a fraqueza da desordem em sexo. O celibato não pode enxovalhar a santidade do casamento. Minha pessoal experiência garante: como padre, guardei a inteira castidade de um homem total. Quis todas as mulheres do mundo e a todas renunciei. Ao casar, entreguei-me a uma, renunciando a todas as demais. Fico triste e muito, mas não cai um fiapo de minha fé pela Igreja de Jesus. Que é a Igreja, o Vaticano? Não! Infelizmente é a casa do papa. Está na hora de sair dela e fechar o museu, lindo e funesto tempo em que os papas eram reis, donos do mundo quando prevaricavam padres, cardeais, até mesmo alguns papas gerando bastardos. Passou-se esse tempo, graças a Deus. Amo todos os papas que conheci, a meu ver, santos a curtir pobreza e continência aprisionados no Vaticano. Está na hora de se limpar os entulhos do passado que desfiguram a Igreja de Deus. O Vaticano não é o chão da Igreja. Jesus a destruir o templo de Jerusalém não pela força e pelo poder que nunca teve, assolou todas as tentações de poderio: meu reino não é deste mundo. Triste reino de Deus, o Vaticano que sedia o servo dos servos cercado de luxo e de tesouros. O pobre dinheiro da comunidade de Jesus era guardado pelo cardeal Judas para comprar comidas, naquele tempo já alguém roubava sua parte, na cara de Jesus. Impassível.
Imensa a tarefa do novo papa a transformar a Igreja de Jesus. Sozinho, no peito e na raça, não vai conseguir nada. A ele congraçar e animar os corações que amam a Igreja a que se faça a luz. O site croire.com escreveu em editorial no dia em que o papa saiu: “ imensas dificuldades da carga que incumbe o papa emérito, ele continuará a suportar na oração”. Pedindo o quê? Que corações se convertem? Pedir a Jesus que se acorde dormindo no fundo da barca a serenar tempestades? Longe de medo e tristes, guardemos a misteriosa certeza de Jesus: tenhais a paz (...). eu venci o mundo João 16,33.
Novo dia para a Igreja: tão longa a esperança, tão curta a vida.