quarta-feira, 20 de março de 2013

Ainda se turvam os céus de Roma


Por enquanto, só fumacinha preta...

Augusto José Chiavegato
Lá se vai o conclave furando ondas bravas, nossas esperanças um tanto fracas, as perspectivas incertas. Se o Espírito Santo não virar os ventos, a barca de Pedro vai a deriva. O papa tinha razão: meus caros, o mar não está pra peixe na Igreja. É, receio, mas estou tranquilo. Embarco-me na paciência multissecular de Deus, por isso espero enquanto vivo. Será que retrocedemos aos tempos da Igreja e de conclaves cheios de política e ambição? Não creio. Mas, Ratzinger ficou muito triste, eu também. Algumas razões são evidentes, outras disfarçadas em entrelinhas, a saber, os pedófilos e as maracutaias no Vaticano na expressão de conhecido vaticanista. Quanto aos pedófilos, espanta-me o número dos casos. Um ou outro, vá lá, acontece, resolve-se por trabalho de psiquiatra de meio-tigela. Agora, quando os casos grassam à beira de epidemia, não se resolve em modificando a lei do celibato. O problema está muito abaixo. Amor que nasce torto, nem mulher conserta. Vale a pena aprofundar este problema, em outra oportunidade. Por outro capítulo de crise concerne aos subterrâneos do Vaticano envolvendo eclesiásticos e leigos em ambição de poder e de dinheiro. O primeiro conjunto de problemas (sexo), afeta o corpo, aqui atingem a alma, a essência do cristão. Como todo padre, passei por baixo dezessete anos de formação centrada na castidade, no desprendimento de riquezas e na humildade. Seminarista tinha que ser casto, se não, estava fora. Um monte de meninos entrava no seminário, uma ínfima minoria chegava à ordenação. Por exemplo, no meu caso: de cinquenta e quatro meninos, só quatro se ordenaram. Sem dúvida, o impedimento principal era o celibato. Quando se passa por este obstáculo, o resto a gente tirava de chaleira. Voto de pobreza não tínhamos, somos donos do dinheiro, o suficiente para sermos pobres dignos. Ensinavam-nos a sermos humildes, a fugir de carreirismos. Pasmo fiquei ao saber eclesiásticos tropeçando em sexo, em ambição de dinheiro e de poder. Haja fé, haja amor, haja esperança a animar um velho papa. Certo que as tem, mas ante sua tristeza está na hora de acordar Jesus no fundo da barca. A galera clama pelo Espírito Santo sentado no banco. Insisto: Deus não joga, esse jogo é de homens. Antes do conclave, fecham-se os cardeais em oração cantando ao Espírito: Vem Espírito criador! e entraram piedosamente carregados de boa vontade, acredito, tudo entregando às mãos de Deus, corações leves a escutar passarinhos cantando nos jardins do Vaticano, crendo ouvir os gorjeios do Espírito Santo. Respeito a oração de todo o mundo que Deus ilumine os cardeais. Uno-me a todos que se prostram no chão, de joelhos, confiando nos cardeais. Creio que esta comunhão dos que rezam fortalece nossa esperança e ânimo. Mas, Deus não gosta muito de milagres e mais de mil vezes repito: Ele respeita nossa liberdade. O Espírito Santo nunca foi classificado nos conclaves. Mistérios de Deus das mãos que nos oferecem diante de nossa liberdade. Por aí vamos, por aí la nave va. Deus está aí, não se vê, erga os que caem, consola os tristes, dá um jeito em nossas burradas, nele creio, está ao nosso lado, esperando quando nos tornam “um” , consumados no Amor. 

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